O governo Temer está perdendo, mais uma vez, a batalha de comunicação. A máquina de mídia
da oposição, traduzida em sites “jornalísticos”, como o Brasil 247, dono de uma audiência de 7,7
milhões
de visitas por mês, divulga em ritmo frenético os pedidos de adesão à
paralisação do dia 28 de abril. Movimentos como o MBL tentam
desqualificar os atos. O governo, por sua vez, não fez qualquer ação até
agora para minimizar as manifestações.
Na
sexta-feira, dia 28, haverá sim uma paralisação significativa. Os
sindicatos da área de infraestrutura, como motoristas de ônibus,
metroviários e até aeroviários, impedirão o
deslocamento de pessoas
nos grandes centros urbanos. A maior parte das escolas particulares de
São Paulo também não funcionará, engrossando o movimento que conta com
bancários,
metalúrgicos, petroleiros e setores da Igreja Católica em vários estados (https://goo.gl/W24hdI).
Com
isso, haverá um paradoxo: as centrais sindicais e os movimentos sociais
devem conseguir atenção para sua causa, mas dificilmente colocarão
centenas de milhares nas ruas. Não haverá
ônibus, trem ou metrô para levar manifestantes às ruas contra as reformas e o fim do imposto sindical.
Além
disso, a reforma da Previdência não deve ser a pauta que unificará os
protestos. Não há correntes de opinião estruturadas, por enquanto,
capazes de repetir os atos de junho de 2013. A maioria silenciosa está
perdendo a confiança no governo Temer, mas ainda sem grande disposição
de ir às ruas. Falta identificação partidária ou simplesmente uma pauta
mais clara.
Em São Paulo, um dos principais atos deve ocorrer no Largo da Batata (https://goo.gl/P32tGE), organizado pela Frente Brasil Popular e Brasil Sem Medo, que é contra as reformas propostas pelo governo e conta com 5,6 mil confirmados e 10 mil interessados, no Facebook. Porém, protestos menores ocorrerão paralelamente. O Bloco Autônomo e Libertário:100 Anos Da Greve Geral (https://goo.gl/2FucCO) escolheu sair da Praça da Sé e pregar independência de partidos e organizações sindicais.
Trabalhadores
da educação municipal se concentram no Masp – além de serem contra as
reformas, são contra o Sampaprev, fundo previdenciário de São Paulo
(https://goo.gl/cqabVp). O
coletivo Luta Popular (https://goo.gl/zhg4P4), de trabalhadores da periferia, fará uma passeata partindo do Largo do Socorro, na zona sul da cidade (https://goo.gl/2FucCO).
Parte
da igreja católica resolveu aderir ao movimento e deve ter poder de
mobilização especialmente no Nordeste, contra as reformas trabalhista e
da Previdência. Os bispos do Crato e de Campina Grande e o arcebispo do
Recife afirmaram que a greve é justa (https://goo.gl/vwOuxJ).
Parlamentares
petistas, como os deputados Luiz Couto (PB), Valmir Assunção (BA) e os
senadores Humberto Costa (PE) e Gleisi Hoffmann (PR) manifestaram apoio à
Confederação
Nacional dos Bispos do Brasil, convocando a população para a greve (https://goo.gl/r1dLU9 e https://goo.gl/IXUGBh). A Conferência Franciscana e algumas igrejas evangélicas, segundo o Brasil 247, também estariam aderindo ao movimento (https://goo.gl/k56Yeo e https://goo.gl/XB8EqC).
Por
outro lado, sites e movimentos à direita, como O Antagonista e o MBL,
afirmam que a greve seria da CUT e os bispos da CNBB não representariam a
Igreja Católica (https://goo.gl/ibnfbm).
Eles incentivam o público a não participar da greve, promovida, segundo
o MBL, por setores que defendem “o maior ladrão do Brasil”. Imagem
divulgada na fanpage do movimento
soma mais de 43 mil compartilhamentos e está circulando também por Whatsapp e Twitter (https://goo.gl/f0u4ta).
Entre
as mensagens mais compartilhadas no Twitter sobre a greve, está tweet
de Roberto Jefferson, também resumindo a paralisação como um “palanque
ao Lula” (https://goo.gl/jv9SBI).
As
buscas no Google sobre a greve cresceram expressivamente nas últimas 24
horas, consequência natural das publicações sobre o tema. A tendência é
que se acentuem nas próximas horas e que os rumores gerem mais
insegurança que adesão do público.